De acordo com o Ministério da Saúde (2023), o termo “droga” refere-se a uma substância natural ou sintética que é capaz de produzir fenômenos de dependência psicológica ou orgânica, dividindo-se em drogas ilícitas que são as “proibidas” por lei, e em drogas lícitas, como o tabaco, o álcool e medicações no geral, e podem ser chamadas de substâncias psicoativas ou drogas psicotrópicas. Destaca-se que as drogas lícitas são socialmente aceitas, mesmo com seu uso sendo regulamentado por lei, principalmente quando se trata de medicamentos psicotrópicos que cada vez mais, estão se tornando habituais na vida do sujeito.
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ToggleAo tratar-se do tema “cultura”, Sigmund Freud (1856-1939), médico neurologista conhecido como “pai da psicanálise”, evidencia a complexidade do tema, segundo ele, o conceito de cultura refere-se ao conjunto de produções simbólicas e instituições sociais que distinguem a existência humana da condição animal, com a função de mediar a relação do ser humano com a natureza promovendo sua proteção, além de regular as interações sociais, como as leis, por exemplo.
Sendo assim, quando se trata de dependência de drogas e a influência da cultura, torna-se necessária a alusão ao desejo, isso porque Freud (1908) defende a ideia de um aparelho psíquico composto por um impedimento cultural que barra o desejo intenso que é culturalmente proibido, como o incesto, um desejo de natureza humana que, através de conflitos psíquicos e desdobramentos sociais, precisa ser elaborado. Alguns teóricos da psicanálise acreditam que a droga funciona como um mecanismo de substituição frente ao recalcamento e a renúncia pulsional, desprendendo-se do contexto biológico e psiquiátrico que permeava/permeia o assunto, dessa forma a droga é vista como um modo de satisfação da pulsão para lidar com a repressão da cultura na sociedade.
Nesse sentido, ao relacionar o uso de drogas e a cultura, Freud (1908) ressalta que há determinados recortes que fazem com que as pessoas se identifiquem umas com as outras, ou seja, um grupo pode ser visto como indivíduos que elegeram o mesmo objeto naquilo que ama como o seu ideal, e assim identificaram-se uns com os outros. Nesse sentido, a droga pode ser um fator determinante para unir determinados sujeitos, como por exemplo, pessoas que usam alguma substância para se sentirem pertencentes a um determinado grupo e suprir a necessidade de pertencimento, ou pessoas que se unem por usar drogas, como em grupos de apoio, constituindo-se dessa forma, a cultura de um grupo.
Além disso, o uso exacerbado e sem prescrição de medicamentos psicotrópicos, droga mais socialmente aceita, podem ser vistos como um mecanismo que “maquia” o sintoma do sujeito fazendo com que ele use uma “máscara” a fim de esconder aquilo que lhe angustia. Portanto, é evidente que a cultura influencia as decisões dos sujeitos, pois o consumo de drogas ao ser integrado ao tecido cultural, pode tanto ajudar a moldar identidades coletivas como gerar conflitos internos e sociais, além disso, em muitas culturas, o uso de substâncias psicoativas está ligado a rituais, tradições, arte e espiritualidade.
Dessa forma, quando um sujeito está em sofrimento pelo uso abusivo de drogas, ou quando o sofrimento levou ao uso abusivo de drogas, nós psicólogos, mas também profissionais da área da saúde, não podemos desconsiderar o contexto histórico, social e econômico daquele sujeito, precisamos ampliar o nosso olhar sem utilizar métodos generalistas e uma visão exageradamente médica/biológica que tem a cura da doença como objetivo principal.
A psicanálise não tem como objetivo reduzir o sintoma do sujeito a uma patologia, por isso quando se fala de “tratamento”, não quer dizer que utilizaremos uma intervenção sintomática ou comportamental, mas sim, compreender o que fez com que aquele sujeito recorra aquela substância. Dessa forma, o objetivo principal não é eliminar a substância em si, precisamos entender a sua função psíquica, e isso implica em escutar o sujeito sem reduzi-lo a um vício químico e possibilitar que ele fale livremente sobre sua vida, sobre a sua história e experiências. Portanto, o tratamento não se resume a “abstinência”, mas sim possibilitar, através da escuta, que o sujeito encontre outras vias de lidar com a angustia.
Olá, me chamo Larissa Smarzaro e sou psicóloga formada. Hoje, um dos meus focos de atuação é na clínica das toxicomanias, como a psicanálise prefere chamar, além disso é a minha principal área de estudo em que estou buscando me especializar.
Se você está procurando ajuda para lidar com esse tipo de sofrimento, um psicólogo pode te ajudar oferecendo um espaço de escuta sem julgamentos, buscando compreender o sentido que esse uso tem para você, e isso só é possível se o foco não for somente o seu comportamento.
Dessa forma, meu papel não é impor regras ou forçá-lo a abstinência, mas te acompanhar nesse processo de se implicar em sua história e nas suas formas de satisfação. Através da terapia online, você terá esse espaço seguro de acolhimento.
Se desejar, posso te acompanhar nesse percurso!
REFERÊNCIAS UTILIZADAS
FREUD, S. (1856-1939). Cultura, Sociedade, Religião: o mal-estar na cultura e outros escritos. 1 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2024.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Glossário saúde Saúde Brasil: substâncias psicoativas. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/glossario/substancias-psicoativas#:~:text=De%20acordo%20com%20a%20Organiza%C3%A7%C3%A3o,%E2%80%9D%20(OMS%2C%201981)